Dez animais gigantes que raramente são vistos
Ser gigante não significa necessariamente ser fácil de ser visto.
Alguns dos maiores animais da natureza têm um comportamento tímido ou sabem se camuflar muito bem, mantendo-se misteriosos para os cientistas.
Confira dez deles que raramente são vistos:
Tatu-canastra (Priodontes maximus)
Em tese, parece fácil avistar algo do tamanho de um porco, coberto de escamas e com garras de até 20 centímetros semelhantes a uma pequena espada. Mas o tatu-canastra é ótimo em se esconder e, por isso, cientistas tiveram que instalar câmeras secretas para poder entender mais sobre o animal.
"Pouquíssimas pessoas já viram um tatu-canastra na natureza", afirma o biólogo Arnaud Desbiez, coordenador do Projeto Tatu-Canastra, no Pantanal. "Nem o dono da fazenda onde funciona nossa base, que nasceu e foi criado aqui, tinha visto um desses animais antes de iniciarmos o projeto."
Com peso de até 50 quilos e alcançando no máximo 1,5 metros de comprimento, trata-se da maior espécie de tatu no planeta – mede quase o dobro de seus "primos" na mesma família.
O tamanho, no entanto, não o ajuda a se enrolar em forma de bola para se proteger, como fazem outros tatus. Em vez disso, ele cava tocas subterrâneas com suas garras e só se aventura para fora durante a escuridão.
O tatu-canastra é considerado uma espécie vulnerável por causa da caça e destruição de seu habitat.
Lula-gigante (Architeuthis)
A lula-gigante é provavelmente o mais abominável de todos os animais gigantes. Seu nome se deve ao fato de seu corpo atingir 5 metros de comprimento, e seu par de tentáculos se estende - fazendo com que seu tamanho final chegue a 13 metros.
O predador é conhecido por ter olhos do tamanho de bolas de futebol e uma boca gigante capaz de destruir suas presas em segundos.
Mas como o animal mora nas profundezas do oceano, a até 1 mil metros sob a superfície, poucas pessoas já tiveram a chance de ver um deles vivo.
São muitas as lendas e histórias de ataques dessas criaturas a navios, mas são raros os registros documentados desses encontros. Na maior parte das vezes, eles ocorrem na superfície, quando a lula está ferida ou morrendo.
A primeira vez que uma lula-gigante foi filmada em seu habitat foi em 2012, durante um projeto organizado por uma equipe de cientistas de várias nacionalidades que lançou um veículo submersível na costa do Japão.
Ariranha (Pteronura brasiliensis)
Apesar de não ter elefantes, a faixa tropical da América do Sul ainda é uma terra de gigantes. O continente abriga os maiores membros das famílias dos tatus e tamanduás, assim como a capivara, o maior roedor do mundo.
A ariranha, que vive nos rios ao leste dos Andes, tem o dobro do tamanho da maior espécie da família, podendo chegar a 2 metros de comprimento.
O animal vive em habitats abertos em grandes grupos familiares e pode ser facilmente avistado. Mas, enquanto consegue lidar com seus predadores naturais, como o jacaré e a onça-pintada, a ariranha acabou sendo uma grande vítima da caça, provavelmente por causa de sua personalidade dócil e curiosa.
Seu couro já foi bastante valioso e seu comércio foi proibido em 1975. Hoje em dia, no entanto, a ariranha está ameaçada pela atividade humana na Amazônia e no Pantanal.
Aranha-caçadora-gigante (Heteropoda maxima)
Se o tamanho de uma aranha for medido pelo comprimento de suas pernas, a maior delas atinge 30 centímetros e atende pelo preocupante nome de "aranha-caçadora-gigante". Felizmente, suas atividades predatórias se limitam a insetos.
É muito possível que você nunca chegue a ver uma delas cruzando o chão de sua casa, a não ser que more em uma caverna no Laos. Mas mesmo ali, é difícil avistá-la.
Essa espécie virou notícia entre entusiastas e odiadores de aranhas de todo o mundo quando foi descoberta, em 2001, pelo biólogo Peter Jaegar, da Universidade de Mainz, na Alemanha.
Segundo ele, a badalação não foi boa para a espécie por causa da demanda por animais de estimação exóticos, muitas vezes ilegais. O biólogo acredita que para cada cem aranhas que chegam a seu destino final, outras mil morrem ao serem retiradas de seu habitat.
Jaegar espera que a curta vida dessa aranha acabe diminuindo o interesse nela.
Peixe-remo (Regalecus glesne)
Com uma aparência de serpente marinha gigante, o peixe-remo é extremamente achatado e se move pelas águas com ondulações.
Suas longas nadadeiras pélvicas parecem remos, e sua cabeça apresenta uma inusitada crista vermelha. Mas sua característica mais impressionante é o tamanho: atinge até 17 metros de comprimento, o que faz dele o maior peixe ósseo do mundo.
Apesar de ser enorme, o peixe-remo é uma das criaturas mais misteriosas do planeta. Ele vive nas profundezas do oceano, junto com outros gigantes. Ainda não se sabe por que espécies desse habitat costumam ser tão grandes, mas há hipóteses sobre a influência da baixa temperatura, da alta pressão, da falta de correntes marítimas e da escassez de alimentos.
Por causa de seus hábitos no mar profundo, é raro avistar um peixe-remo. Nos últimos anos, submarinos não tripulados conseguiram filmar o animal em seu habitat natural.
O peixe só vem para a superfície quando está ferido ou morto. Em junho de 2015, um espécime com 5,2 metros apareceu em uma praia na ilha de Catalina, na Califórnia – o terceiro a surgir no local.
'Conraua goliath'
O maior anuro do mundo pode pesar 3,2 quilos – o equivalente a muitos bebês recém-nascidos. Esse sapo pode ser gigantesco, mas como muitos de seus primos anfíbios, é um mestre da camuflagem. Sua cor esverdeada o ajuda a se esconder entre rochas cobertas de musgo.
O animal vive perto de rios de correnteza forte nas florestas costeiras da África Ocidental. Ao contrário do que se pensa, o sapo não possui uma bolsa vocal. Por isso não pode emitir ruídos como seus parentes, precisando assoviar para atrair um parceiro.
Mas, apesar de seus truques, esse anuro é uma espécie em vias de extinção: sua população caiu 50% nas últimas três gerações. Isso porque ele é muito apreciado como alimento e também é popular entre criadores de animais exóticos.
Programas de reprodução em cativeiro não foram bem-sucedidos, levando os ambientalistas a tentar trabalhar junto com as comunidades africanas para evitar a caça insustentável.
'Phobaeticus chani'
Enquanto a maioria dos insetos cabe na palma da mão de qualquer adulto, essa classe de animais também tem os seus gigantes. O maior deles é um bicho-pau que vive em Bornéu, descoberto em 2008.
O maior espécime conhecido mede 50 centímetros com as pernas esticadas e hoje faz parte da coleção do Museu de História Natural de Londres.
Cientistas sabem muito pouco sobre esse inseto porque ele é excepcionalmente difícil de ser encontrado na natureza. Os machos são marrons e as fêmeas, esverdeadas. Ambos são longos e finos, e preferem viver na copa das árvores, o que facilita sua camuflagem na floresta tropical.
Como mestres do disfarce, a fêmea do bicho-pau coloca ovos que se parecem com sementes e que têm extensões em forma de asas, o que os ajuda a se espalhar com o vento.
'Ornithoptera alexandrae'
Na Papua-Nova Guiné vive uma borboleta tão grande que chega a ser confundida com um pássaro.
A Ornithoptera alexandrae se concentra em uma pequena área de floresta tropical perto do litoral. O macho é espetacular, com listras azuis-esverdeadas iridescentes sobre suas asas negras aveludadas, e um abdômen amarelo vibrante. A fêmea é um pouco mais discreta, com tonalidades mais beges. Elas, no entanto, são 30% maiores, atingindo uma envergadura recorde de 30 centímetros.
O inseto foi descoberto em 1906 e logo depois passou a ser um dos mais cobiçados por colecionadores. Por isso, foi caçado em excesso.
Mesmo proibida em 1966, a caça ilegal e a destruição de seu habitat reduziu dramaticamente a população dessas borboletas. Tribos locais e ambientalistas estão trabalhando para salvá-las.
Isópodo gigante (Bathynomus giganteus)
Imagine um tatuzinho com o tamanho de um gato – com 76 centímetros de comprimento e pesando 1,7 quilos. Bem, essa criatura existe e se chama isópodo gigante.
Trata-se de um crustáceo, parente distante do camarão e do caranguejo, que vive bem abaixo da superfície marinha.
O animal tem o mesmo exoesqueleto rígido que seus primos terrestres, e é capaz de se enrolar como uma bola para se proteger. De cor lilás, tem sete pares de patas, dois pares de antenas e enormes olhos.
Nas águas frias da costa americana, esse isópodo mora no leito marinho, a 2 mil metros de profundidade, e se alimenta dos cadáveres de baleias, peixes e lulas.
Como o animal ataca redes de pesca, muitas vezes eles são avistados quando acabam sendo arrastados junto com peixes.
Por causa disso, trata-se de uma espécie facilmente encontrada em aquários de todo o mundo, principalmente no Japão, onde são particularmente populares.
'Bubo blakistoni'
A comunidade científica ainda não chegou a um acordo sobre qual espécie de coruja é a maior do mundo, mas a Bubo blakistoni é uma das favoritas – ela chega a pesar 4,6 quilos e tem uma envergadura de quase 2 metros.
A espécie foi descoberta pelo naturalista Thomas Blakiston em 1883. Ela vive em florestas próximas de rios na Sibéria, no nordeste da China, na Coreia do Norte e no Japão, e se alimenta primariamente de peixes.
Encontrá-la hoje em dia é um fato raro. Por causa da perseguição de caçadores, da redução das reservas pesqueiras e da destruição de seu habitat, essa coruja é considerada uma espécie em extinção.
Na ilha de Hokkaido, no Japão, esse animal era considerado um espírito que protegia as aldeias do povo indígena Ainu. Hoje, são os habitantes locais que lutam para salvar a espécie, construindo casas artificiais.
Fonte: bbc.com/portuguese